As dores e as delícias do primeiro encontro – Parte 22

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Num estalo, eles se separaram. Quanto tempo tinham ficado abraçados? Não sabiam. Mas olhando de fora, aquele abraço parecia muito mais intenso do que um simples abraço entre amigos.

– Bom, então eu vou indo. – Ana disse, sem jeito, afastando-se de Arthur.

– É, já está passando da hora, né? – Ele disparou. – A gente se fala!

– Sim… falamos. – Ela olhou para os pés. Sempre fazia isso quando ficava envergonhada.

– Até mais, então! – disseram juntos e riram da coincidência.

Quando eram amigos, viviam completando as frases um do outro. Eram tão sintonizados que até o jeito de falar era parecido. Enquanto riam, ficaram se encarando por mais alguns segundos.  Se não tomassem logo a decisão de ir embora, ficariam ali a tarde inteira, sem nem ver o tempo passar.

Despediram-se mais uma vez com um aceno de cabeça e viraram as costas um para o outro simultaneamente, indo cada um para a sua direção. Apesar do desejo em olhar para trás, não olharam. Era o suficiente para aquele dia.

Quando Ana estava quase chegando no seu prédio, o seu celular vibrou no bolso. Seu primeiro pensamento? Arthur. Mas quando olhou para o visor, era uma mensagem de Guilherme. Suas bochechas enrubesceram na hora, tamanha a vergonha por pensar em Arthur como uma adolescente abobalhada.

“Oi Ana! E ai? Trabalhando bastante?
Estou terminando de arrumar minha mala, o carro da empresa vai passar para me pegar aqui em casa daqui a pouco. Sei que você não fica perto do celular enquanto tá trabalhando, só queria te mandar um beijo e dizer que vou sentir muito a sua falta nessa semana!

<3”

Seu coração apertou dentro do peito. Como ele podia ser tão fofo? Depois desse almoço com Arthur, ela não se sentia merecedora desse carinho em forma de mensagem. Tudo bem, ela não havia feito nada, não é mesmo? Mas se sentia uma grande traidora, de qualquer forma.

Rapidamente digitou uma mensagem:

“Oi! Estou acabando de chegar em casa. Fui almoçar na rua, porque não tinha nada comestível dentro do prazo de validade por aqui. Haha

Comecei uma faxina pela manhã e até agora nem peguei o trabalho pra fazer. Vou ter que ir até as 20h para dar conta.
Faça uma boa viagem e me avise quando chegar.

<3”

O coração no final era sua dúvida. Ela estava colocando aquilo porque realmente queria ou porque ele tinha colocado primeiro? Ela apagou uma vez, tornou a digitar, apagou, digitou, apagou, digitou. Enviado, com coração. E sim, ela estava colocando coração porque queria.

Largou o celular em cima da mesa e voltou sua atenção para a bagunça que havia deixado na cozinha e sala. Rapidamente terminou de guardar os potes que havia deixado secando, varreu os dois cômodos, passou pano e terminou de recolher os papeis espalhados. Pronto! Agora sua casa parecia minimamente habitável de novo.

Ana levou um susto com o toque do telefone fixo. Ela nunca recebia ligações por ele, só chamadas de operadora de cartão de crédito, insuportáveis por sinal, e de sua mãe ou pai. Mas eles não ligavam há algum tempo, estavam começando a se adaptar as mensagens por celular. Da última vez que a mãe ligou, fez uma chamada em vídeo pelo whatsapp, quem diria!

 Todos os dias pela manhã Ana recebia da mãe uma mensagem no aplicativo com uma série de 10 emojis que não faziam o menor sentido. Na primeira vez, ela tentou entender o que sua mãe queria dizer com emojis tão aleatórios de uma só vez, depois, descobriu que sua mãe acreditava que quanto mais emojis, mais legal era a mensagem. Ana acabou entrando na brincadeira e sempre respondia com emojis também. A troca de emojis acabou virando hábito, uma maneira que as duas encontraram de divertir uma a outra, mesmo não morando mais na mesma casa.

– Alô? – perguntou, ressabiada.

– Ana!!! – exclamou sua mãe

– Mamãe, que susto, não estava esperando ligação sua. Tá tudo bem com você? Com papai? – disparou, sem nem ao menos respirar.

– Tá tudo ótimo meu amor! Estou ligando para saber como foi à volta ao trabalho. Estou com saudades!

– Também estou com saudades, mamãe. Foi tudo tranquilo, mas hoje estou em casa, estourou um cano lá em frente ao prédio da empresa.

– Em casa? Como assim? – questionou sua mãe.

– Mamãe, você ligou no fixo, onde mais eu estaria? – disse, segurando o riso.

– Eu liguei no fixo???? – perguntou espantada.

– Sim! – Ana caiu na risada e sua mãe também.

– Eu não percebi que tinha ligado no seu fixo! Estou tão avoada… Mas eu te liguei mesmo para perguntar uma coisa.

– Claro, o que é?

– Você tem planos para o final de semana?

– Não, mãe! Tava pensando em ir na Lívia, mas posso ir aí também!

– Como tá a Livinha? Tô com uma saudade dela…

– Ela tá ótima mãe, sempre manda beijo pra você, mas conta logo, o que você tá planejando?

– Então, eu e seu pai queremos ir ai, podemos?

– Mãe, você tá realmente perguntando se pode vir na sua própria casa? Eu acho que não preciso nem te responder né? – Ana riu alegremente.

– Ah filha! Desde que eu e seu pai viemos morar aqui, a casa é sua! Não sei os seus planos, acho bom avisar…

– Mãe, eu não tenho planos! E você e o papai são bem vindos sempre que quiserem! Vocês chegam que dia? Sexta?

– É, vamos chegar por volta das 5 da tarde, tudo bem? Quer que a gente te pegue no trabalho? Aliás, que história é essa de cano estourado?

– Ih mãe, longa história. Em resumo, a portaria inundou e não dava pra subir, então fiquei trabalhando em casa mesmo. Esse horário tá ótimo! Vocês não precisam passar pelo meu trabalho, é fora de mão! Chego aqui rapidinho!

– Combinado então, filha! E o Guilherme? Eu to doida pra conhecer ele! Seu pai tá meio ressabiado, você sabe como ele é! Não quer dar o braço a torcer, mas tenho certeza que ele tá doido pra conversar com o genro!

– Ah mãe! – Ana corou. – Não sei se vai dar dessa vez…Ele viajou hoje a trabalho, não tenho certeza se ele volta até o fim da semana. E é capaz de voltar cansado também…

– Ahhhh, você nem tentou! Fala com ele, filha! Chama ele pra almoçar ai no domingo. O que ele gosta de comer? Eu faço!

– Ih mãe, ele gosta de tudo, que nem eu! Prometo que vou mandar uma mensagem pra ele perguntando se ele pode vir, tá bom?

– Eu quero saber o prato favorito dele!

– Quando é comigo você não tem esse empenho né? Sempre que eu te peço nhoque você fala que dá trabalho. – disse, fingindo indignação.

– Dá mesmo! Mas é uma ocasião especial… Não é todo dia que a gente conhece o genro, não é mesmo?

– Puxa saco! Você nem conhece ele!

– Justamente! Faça o favor de mudar essa situação. Estou esperando a sua mensagem de confirmação, filha.

– Tá ok. Eu mando mensagem assim que ele responder! Mas não se anime muito, talvez ele nem possa vir. Ah, mãe, você não vai acreditar quem eu encontrei ontem!

– Quem? – perguntou, realmente curiosa.

– Chuta!

– Não, detesto esses joguinhos, quem é? – disse, sem rodeios.

-Nossa, que sem graça… O Arthur mãe, acredita?

– O Tu? O Tu que vivia lá em casa?

– Ele mesmo! Apareceu lá na empresa ontem, olha que coincidência! Ele perguntou de você, do papai. Tem anos que eu não encontrava com ele mãe.

– Eu sei disso filha! Me conta, como ele tá? Ainda bonitão?

– Mãe! – Ana corou. – Que pergunta!

– Ué, até parece que você nunca reparou que ele é lindo!

– Não… – Ana tentou desconversar

– Nossa, você mente MUITO mal filha… Mas acho que isso é bom, né? Sempre soube quando você contava mentira pra mim. Fala logo! Ele deve estar ainda mais bonito…

– Tá bom mãe, confesso. Tá bonito mesmo! Continua o mesmo Tu de sempre.

– Eu ouvi um suspiro?

– Não!!!!

– Acho bom mesmo, porque quero conhecer meu genro primeiro.

– Ai mãe, só você! Aqui, o papo tá bom mesmo eu preciso desligar! Ainda não revisei o texto que recebi no meu e-mail hoje cedo. Mais tarde te mando um áudio contando tudo, tá? Aliás, te conto tudo na sexta feira.

– Não mesmo! Vai me contar por áudio porque eu não agüento esperar até sexta. Vou lá, seu pai tá me chamando já tem uns 15 minutos. Ele tá mandando beijo!

– Manda outro, mãe! Até mais tarde então! Te amo!

– Também te amo, minha linda!

Ana desligou o telefone e finalmente voltou sua atenção ao trabalho. Por sorte, Helena ainda não tinha mandado e-mail perguntando se ela já havia revisado o texto, então ela correu para terminar o quanto antes. Ela era realmente boa no que fazia, extremamente detalhista e atenciosa, sempre encontrava os errinhos com facilidade. Helena dizia que Ana era seu par de olhos predileto. Com ela na equipe, era certeza de que nenhum material iria errado para a gráfica.

Ela era formada em comunicação social com ênfase em relações públicas. Seu emprego atual não tinha nada a ver com suas experiências anteriores de estágio, mas Ana sempre gostou da área de revisão, tanto é que fez todas as suas matérias optativas na faculdade de Letras. Ela sonhava mesmo em trabalhar numa editora de livros, acompanhando todo o processo de produção das histórias que amava ler. Por questões práticas e financeiras, visto que precisava logo de um emprego, acabou deixando o emprego dos sonhos para depois. Seu emprego atual não fazia seu coração bater mais forte, mas o salário era bom, com benefícios, sua chefe era ótima e ela tinha muita liberdade dentro da empresa. Naquele momento, ela estava feliz por estar lá. Seu sonho acabou ficando em segundo plano, pelo menos por enquanto.

Ela havia ficado tão entretida com o trabalho, que quando olhou novamente para o relógio, já passava de 19h. Seu estômago roncava, de novo. Anexou todo o material no e-mail e enviou para a chefe. Missão cumprida, pelo menos por hoje.

Seu estômago bradou de novo. Faminta, Ana se arrependeu de não ter passado no mercado enquanto voltava para casa. Enquanto levantava e pegava a chave para sair de casa, viu o celular acender em cima da mesa. 2 mensagens! Uma de Lívia, outra de Guilherme.

“Oi amiga! Tá tudo bem? Tem tipo uma semana que você não dá sinal de vida… Começou a namorar e esqueceu das amigas, é? Tá sozinha em casa? Pensei em passar ai depois do inglês! Me confirma aqui se posso ir! Preciso te contar uns babados!

Beijão!”

“Oi! Só pra te avisar que acabei de chegar. Deixei as malas no hotel e vou jantar com o pessoal da empresa. Estou te avisando antes de sair porque o sinal daqui é bem ruim, não sei se terei internet por lá. Chegando mando mensagem! Beijo!”

Ana começou a responder a mensagem da amiga, quando o celular tocou nas suas mãos, Lívia já estava ligando.

– Abre o portão que eu cheguei!

– Oi?

– A música amiga, não conhece?

– Que música?

– Do Gusttavo Lima…

– Não, não conheço. – disse, rindo.

– Enfim, é só uma metáfora pra te avisar que eu cheguei.

– Não to em casa. – Ana falou, brincando.

– Como assim não tá? Perdi a viagem? E ainda trouxe comida.

– Se você trouxe comida eu to em casa sim! – Ana caiu na gargalhada.

– Palhaça, eu sabia que você tava em casa, já perguntei pro porteiro. Não agüentei esperar e vim logo contar minha novidade pra você.

– Que novidade?

– Abre a porta primeiro, né?

Ana abriu a porta e se deparou com Lívia, que segurava uma sacola com coca-cola e duas caixinhas, de hambúrguer, provavelmente. Ana não podia amar mais a amiga nesse momento.

– Gustavo me chamou pra sair! – Lívia exclamou!

– Gustavo, que Gusta… O GUSTAVÃO? – Ana gritou.

– Berra mais que tá pouco, no corredor então… É, ele mesmo! E sim, eu vou te contar tudo! Posso entrar ou você vai ficar ai bloqueando a passagem?

– Claro, entra ai! Eu nem sabia que você queria algo com ele, e o Beto?

– Então, senta que lá vem história!

(CONTINUA)

(CONTINUA)

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