No último sábado (04), fui ao cinema assistir Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures). Confesso que sabia pouco sobre o filme, tinha assistido ao trailer, que me deixou curiosa, mas eu não tinha real dimensão do que estava por vir. Sabia apenas que era uma história real e que estava indicado ao Oscar em algumas categorias.
Nos 5 primeiros minutos de filme eu já vi que o ingresso tinha valido a pena.
Estrelas Além do Tempo se passa durante a década de 60, onde os Estados Unidos e União Soviética travavam uma intensa corrida espacial, cenário em que a URSS tinha vantagem, pois já havia lançado satélites e os Estados Unidos ainda não tinha obtido um lançamento de sucesso.
A NASA tinha em sua numerosa equipe os “computadores humanos”, mulheres negras que trabalhavam numa salinha fazendo cálculos e analisando equações que resultariam no lançamento de satélites. Vale lembrar que nessa época, os Estados Unidos ainda viviam um conturbado período de segregação racial.
Estrelas além do tempo foca em três personagens centrais: Katherine G. Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughan (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe). Mulheres negras que foram essenciais no desenvolvimento da NASA e no sucesso da expedição do primeiro homem a orbitar em volta da terra.

O foco do filme é na personagem de Taraji, pois Katherine é apresentada ao espectador ainda criança, com um talento absurdo para cálculos matemáticos. Mas as outras duas personagens também tem histórias bem interessantes, que são bem entrelaçadas no decorrer do filme.
Katherine G. Johnson recebe uma promoção e vai trabalhar juntamente com Al Harrison, diretor da NASA interpretado por Kevin Costner. Além das dificuldades já esperadas, por ser um trabalho de grande responsabilidade, ela terá de enfrentar preconceito por ser mulher e racismo, por ser negra.

Dorothy Vaughan atua como uma espécie de supervisora dos “computadores humanos” e tem que lidar com a chegada de um super computador, o IBM, cuja função esperada era substituir trabalho humano. Porém Vaughan se mostra essencial num momento de crise, provando que as máquinas são um bom avanço, mas não funcionam tão bem quanto uma mente brilhante.

E por fim, Mary Jackson, que trabalha junto com engenheiros responsáveis pela montagem dos satélites, sabe tanto quanto eles, mas não teve a oportunidade de ser graduar como engenheira simplesmente porque as aulas da Faculdade de Engenharia eram restritas a homens brancos. Mas sua determinação é tão grande e seu sonho é tão intenso que ela fará o impossível na busca de seu sonhado diploma.

Apesar do tema difícil, afinal, falar de racismo seja ele explícito ou velado, nunca é fácil. Estrelas Além do Tempo consegue mostrar a ferida sem cair no dramalhão. O filme emociona porque é emocionante de verdade, não porque força para ser.
Ver mulheres lutando tão bravamente por suas carreiras numa década tão conturbada e cheia de obstáculos não poderia resultar em outra coisa além de sucesso.
Apesar de ter mais de duas horas de duração, não senti o tempo passar. A história é tão bem contada, e as atuações são tão boas, que quando os créditos aparecem, a vontade é de assistir tudo de novo.
O longa é adaptado é adaptado de um de um livro-reportagem de mesmo nome (Hidden Figures) da autora americana Margot Lee Shetterly.
O filme terminou e meus olhos estavam marejados. Primeiro pela grandiosidade dessas mulheres incríveis, segundo por ser uma história real, e por fim, pela tristeza de saber que se não fosse por meio desse filme, dificilmente eu teria conhecido três figuras tão importantes na história da humanidade.
Ficha técnica:
- País: EUA
- Classificação: livre
- Estreia: 2 de Fevereiro de 2017
- Duração: 127 min.
- Direção: Theodore Melfi
- Roteiro: Theodore Melfi
Indicações ao Oscar:
Melhor Filme
Melhor Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer)
Melhor Roteiro Adaptado (Theodore Melfi)
Trailer: