Olhos de Cronista

Nesse final de semana eu estava lendo um livro de crônicas e reparei o quão apurado é o olhar dos cronistas. Filme novo em cartaz, vira crônica. Exposição de arte, vira crônica. Casal de namorados discutindo, vira crônica. Florzinha no canteiro, vira crônica. Enfim, vocês entenderam.

O cronista consegue enxergar além do ponto de observação comum. Se pra uma pessoa um casal conversando é apenas um casal como outro qualquer, pro cronista um casal conversando vira assunto pra uma crônica arrebatadora, daquele tipo que você termina de ler e pensa: uau! Como foi que eu nunca pensei nisso antes? Pingo vira letra, sabem como é?

Mas esse poder de ver as coisas com olhos mais apurados não precisa ser exclusividade dos cronistas. Por incrível que pareça, é mais fácil do que a gente pensa.

Sei que você faz todo dia um caminho para ir estudar ou trabalhar. Ou pra ir até a padaria, coisa simples. Me diz, você repara no que?

Você deve estar pensando… Lá vem a louca querer que eu fique procurando flores na calçada. Não, calma. Não precisa de tanto. Apesar de que, a ideia de encontrar flores na calçada me parece uma boa opção de começar o dia. Mas vamos voltar ao assunto…

Todo mundo tem rotina. Pra alguns, a rotina é algo maravilhoso, para outros, um tédio. Fato é que a rotina muitas vezes deixa a gente um pouco cego dos detalhes. Estamos tão acostumados com tudo ao nosso redor que só reparamos em algo se for uma tragédia. E ai, nós reparamos MESMO. Mas isso é assunto pra outra hora.

Um belo dia eu resolvi mudar e esse dia foi hoje. Acordei de bom humor e abri os olhos de um jeito diferente. Fui até a padaria, olhando para os lados de verdade, sem ser no modo automático para atravessar a rua. Vocês sabem bem do que eu estou falando.

Sabem qual o meu saldo? Vi um cachorrinho fofo caminhando de sapatinhos. Vi um bebê de colo sorrindo enquanto entrelaçava os dedinhos no cabelo da mamãe. Vi a vitrine da floricultura cheia de flores lindas. E até vi uma velha amiga do outro lado da rua, que também devia estar com olhar apurado, porque me viu do outro lado e atravessou para me dar um abraço. Coisas simples, pequenas, mas que me fizeram sorrir. Tudo isso numa simples ida até a padaria. Imagina se eu tivesse andado um pouco mais? Quantos sorrisos a mais eu teria no meu dia?

Talvez eu não tenha conseguido convencer você, mas faça valer o velho ditado. Se você só acredita vendo, então experimente realmente abrir os olhos. Fuja do modo automático.

Se pra você reparar nos detalhes e sorrir para as coisas lindas é coisa de maluco sonhador, eu não sei.  Sei que eu prefiro dizer que acordei com olhos de cronista. E te digo que com esses olhos, o mundo me parece muito mais bonito.

4 comentários

  1. Dani, também acho demais essa descrição dos detalhes nas crônicas. Teve uma época que eu mantinha um blog mais ‘literário’, com desabafinhos e crônicas sempre em 3ª pessoa e fazia isso que você falou: atenção máxima em todos os detalhes. Toda e qualquer situação pode virar texto 😀 deu até saudade!

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    • Oi Lorraine! Obrigada pelo comentário! então, porque você não volta a escrever? Mesmo que no começo seja só para você mesma, é um hábito tão bom! Vale a pena para recordar no futuro! Beijos

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    • Ahhh, que bom que se identifica, Juliana! O mundo é muito mais legal quando a gente realmente presta atenção nos detalhes dele, não é? Beijos!

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