As dores e as delícias do primeiro encontro – Parte 11

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Ana dirigiu o mais rápido que pode mas por estar nervosa, deixou o carro morrer uma vez, ainda perto da casa do Gustavo. Quando já estavam próximos ao hospital, Ana furou um sinal vermelho e por um triz não esbarrou no Corolla que passava pelo cruzamento.

– Que bom que o meu seguro tá em dia! – brincou Guilherme.

– Não me deixa mais sem graça ainda, tem um tempo que eu não dirijo, sabe como é…

– Tudo bem Ana, estamos a salvo. Já chegamos. – e riu.

 Pelo menos suas trapalhadas tinham amenizado o clima tenso, pensou Ana.

– Corre lá Gui, vou tentar achar uma vaga por aqui!

– Não é melhor deixar que eu estacione?

– Engraçadinho…

– Tô brincando! Se eu tivesse vindo dirigindo eu tinha batido esse carro… Vou lá, te espero na portaria.

Chegando na recepção do hospital, Guilherme se aproximou na bancada da recepcionista para perguntar qual o estado de Luísa, quando viu sua mãe acenando do outro lado do saguão.

– Guilherme, você não vai acreditar no que aconteceu….

– Mãe, o que houve? Você me deixou muito aflito no telefone, a Luísa tá bem?

– Tirando o pé quebrado, sim!

– Mãe, foi só um pé quebrado? Você me ligou desesperada, fiquei muito preocupado com a Lú.

– É que descobrimos uma coisa…

Ana veio correndo o mais rápido que pode, por isso quase escorregou bem a frente da mãe de Gui. Antes que pudesse sofrer uma queda daquelas, se escorou no braço de Guilherme e estendeu a mão para a futura sogra.

– Oi, eu sou a Ana!

– Oi querida, o Guilherme não para de falar de você. Não sei se ele já te disse, mas eu me chamo Sônia.

– Mãe! Claro que falei seu nome…

– Ele disse sim! Como está a Luísa? Viemos o mais rápido que podíamos. – completou Ana.

– Eu assustei vocês não é? Peço desculpas. A Drica me ligou em estado de choque, dizendo que a Luísa tinha sofrido um acidente e que a ambulância já estava chegando até o local… Me apavorei e acabei repassando isso à vocês…

– Mãe, o que você descobriu?

Ana olhou pra Guilherme sem entender nada. Luísa estava bem, ou não estava? O que tinha pra ser descoberto?

– Então, deixa eu explicar pra Ana, coitadinha. Não deve estar entendendo nada.

– Nem ela e nem eu, mãe.

– Foi assim… A Drica descobriu um lugar ótimo para comprar as flores do casamento e levou a Luísa lá pra escolher os arranjos. Acabou que o lugar não era tão bom assim e um dos arranjos despencou da estrutura e acertou em cheio o pé da Luísa. A Drica, desesperada que é, entrou em pânico quando viu o pé da Lu cheio de sangue. Em vez de esperar os paramédicos chegarem pra ver o que realmente tinha acontecido, ligou pra mim e me deixou doida também.

– Tadinha, que baita susto! Um pé quebrado logo nos preparativos do casamento… – disse Ana.

– Não é a melhor das situações, né? Mas o médico disse que em 10 semanas pode retirar o gesso, então até o casamento ela vai estar novinha em folha. – completou Sônia.

– Mãe…

– Já vou contar! Que menino curioso! Então, chegamos aqui no hospital e eles fizeram um check-up completo na Lú… Descobrimos que ela está grávida de 6 semanas!

– Aeeeeeee, que lindo!! – berrou Ana, e logo percebeu que tinha se excedido um pouco na comemoração, afinal ela nem era íntima da família…

– Cadê a Lu? Quero parabenizar ela agora mesmo! – disse Guilherme.

– Ela tá no quarto, vai ficar lá pra observação até amanhã de manhã. Pode subir, 4º andar.

Já com vergonha da sua empolgação, Ana tentou se redimir:

– Melhor eu esperar por aqui, né?

– Imagina Ana, vem também. Tô super empolgado com a notícia! Adoro crianças!

Ai meu Deus, a cada segundo ele ficava ainda mais lindo! – Então vamos sim.

– Vou subir com vocês  – declarou Sônia. – Tô tentando falar com seu pai, ele não estava em casa quando eu saí.

– Mãe, espero que você não tenha falado com o pai do mesmo jeito que falou comigo, você mata o velho.

– É, por sorte eu nem consegui falar com ele. Ele tava na sua vó. Vou mandar uma mensagem aqui avisando. Do jeito que seu pai é, deve ter pegado no sono em frente a TV quando chegou em casa.

 Assim que chegou no quarto, Ana viu que Lu estava com o cabelo todo bagunçado e tinha algumas escoriações no braço e no rosto. Mesmo assim, ela continuava linda. Ao ver que Ana estava lá, logo atrás de Guilherme, Luisa fez questão de falar com ela:

– Ana! Que bom te rever! Não nessa situação, é claro… Mas obrigada por ter vindo me ver!

– Imagina Luisa, ficamos super aflitos pra saber como você estava!

– Prima, estamos sabendo da novidade! Tô muito feliz! Espero que seja um moleque pra poder jogar bola comigo! Se bem que se for uma menina ela pode jogar bola se quiser também! Ah, que seja menino ou menina, eu vou mimar muito!

– Eu sei que vai, seu babão! Vai vendo ai Ana, por ele, a casa fica cheia de crianças!

– Ah é? – perguntou Ana, meio sem jeito.

– Sim! Eu quero muito ter filhos!

– É, eu quero também. – opa, será que isso soou como uma indireta?

– E o noivo, tá sabendo? – questionou Guilherme.

– Então, não conseguimos falar com ele ainda. O Caio viajou a trabalho e voltava hoje, deve ter acabado a bateria ou algo assim, desde cedo to sem contato com ele.

Ana discretamente tirou o celular da bolsa e olhou as horas. 22:44. Duas chamadas perdidas da mãe.

– Caramba, já ia me esquecendo do almoço que combinei com meus pais. – comentou com Guilherme.

– Já tá meio tarde né Ana? Perdi a noção do tempo hoje! Só mais um pouquinho e te deixo em casa!

– Não precisa, eu vou de táxi, não quero atrapalhar vocês!

– Imagina, eu faço questão!

Papo vai, papo vem, Ana recebe uma mensagem do pai.

“Filhota, eu e sua mãe fomos chamados pra um almoço na igreja amanhã, vamos remarcar? Beijo!”

– Opa, acho que fui dispensada pelos meus pais… – disse Ana para Guilherme.

Sônia interveio, imediatamente:

– Não pude deixar de ouvir o que disse, Ana. Você tá mais do que convidada pra almoçar lá com a gente.

– Que isso! Imagina… Não quero incomodar.

– Até parece que você incomoda. Aliás, um prato de comida não se nega a ninguém.

– Tia! Assim você deixa a Ana sem graça! Não liga pra ela, viu!

Ana rapidamente olhou pra Gui, esperando que ele reforçasse o convite.

– Ana, minha mãe tem razão, você deveria vir mesmo… Dona Sônia além de falar bastante é uma ótima cozinheira…

– Então acho que vou aproveitar a oportunidade, hein?

– Será um prazer! – completou Sônia.

Apesar da situação um tanto quanto diferente, Ana já estava começando a se sentir parte daquela família. Afinal, não é qualquer um que faz visita noturna no hospital e almoça junto em dia de domingo, né?

(Continua)

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